Atenção! O Portal dos Bancários RS utiliza cookies neste site, eles são utilizados para melhorar a sua experiência de uso e estatísticos.

#MENOSMETASMAISSAÚDE | 13/03/2025
Crise de Saúde Mental no Rio Grande do Sul: Trabalhadores Bancários Sob Pressão

O aumento alarmante de afastamentos revela os efeitos da pressão excessiva por metas e assédio moral no setor bancário.

Os trabalhadores do Rio Grande do Sul estão enfrentando uma crise crescente de saúde mental, evidenciada pelo aumento alarmante de afastamentos do trabalho. Segundo dados exclusivos do Ministério da Previdência Social, divulgados pelo portal G1, em 2024, o estado registrou 37.004 licenças por questões relacionadas à saúde mental, com destaque para transtornos como depressão e ansiedade, que somaram quase 18 mil afastamentos, representando 48% do total. O aumento de 68% em relação ao ano anterior destaca o impacto devastador desses transtornos na vida dos trabalhadores gaúchos. Embora fatores como a pandemia e as enchentes tenham contribuído para o cenário, especialistas apontam que a verdadeira causa está na pressão excessiva por metas e no assédio moral, especialmente no setor bancário. 

No segmento bancário, a situação é ainda mais grave. Diariamente, os trabalhadores enfrentam a cobrança de metas abusivas, jornadas extenuantes e um ambiente de trabalho altamente estressante. A pressão constante, combinada à falta de autonomia e condições precárias, tem levado a um aumento significativo dos transtornos mentais entre os bancários do estado.

Para o psicólogo do Departamento de Saúde do SindBancários, André Guerra, "as práticas sociais devem ter um sentido humanizador, solidário e cooperativo. Em vez de competitividade e agressividade, devemos investir em práticas baseadas na solidariedade e na ética, promovendo a inclusão, não a exclusão", explica.

Apoio do Sindicato

Em 2024, o Departamento de Saúde do SindBancários Poa e Região realizou 1.010 atendimentos relacionados à saúde mental, com 543 pacientes diagnosticados com doenças psíquicas (o número de atendimentos indica que esses pacientes retornaram ao Departamento). Esses números refletem uma crescente demanda por apoio psicológico entre os bancários, cada vez mais sobrecarregados por um sistema que prioriza o lucro em detrimento do bem-estar.

Além de transtornos como depressão e ansiedade, muitos bancários têm enfrentado problemas como transtorno bipolar, alcoolismo e esquizofrenia, quadros que se tornam cada vez mais frequentes. "O adoecimento que vivenciamos no sistema bancário está diretamente relacionado à forma como o mercado de trabalho está estruturado atualmente", afirma André Guerra, que é doutor e mestre em Psicologia Social.

A pressão por metas e o assédio moral no ambiente bancário são fatores-chave para esse cenário, pois afetam diretamente a saúde emocional dos trabalhadores. A competitividade, a falta de reconhecimento e a constante pressão para atingir objetivos estabelecidos pelas instituições financeiras criam um ciclo de estresse, prejudicando a saúde mental e a qualidade de vida dos bancários. "Nossa categoria enfrenta esse contexto com repercussões gravíssimas. Dentro das agências envidraçadas e bem cuidadas, os bancários vivem dramas cotidianos. O nível de adoecimento na categoria é alarmante, superior à média de outros setores econômicos", explica Mauro, diretor do SindBancários e Secretário de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Rio Grande do Sul tem maior número de casos por habitante

O Rio Grande do Sul já se destaca, proporcionalmente, como um dos estados mais afetados pela crise de saúde mental. Embora estados como São Paulo e Rio de Janeiro concentrem o maior número absoluto de afastamentos, o RS apresenta um dos índices mais altos de afastamentos em relação à população, evidenciando o impacto direto do modelo de trabalho, especialmente entre os bancários.

Além de afetar os trabalhadores, o aumento dos afastamentos tem impactado as operações das empresas, que enfrentam queda na produtividade e uma crescente demanda por licenças médicas. Como resposta, o governo federal anunciou a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que agora inclui medidas para fiscalizar os riscos psicossociais, como metas excessivas e jornadas desgastantes, com a possibilidade de multas para empresas que não cumprirem as normas.

Embora esse avanço seja importante, especialistas e lideranças sindicais como o SindBancários acreditam que ainda é necessário um esforço contínuo para transformar a cultura das empresas, principalmente no setor bancário, onde a pressão por resultados continua sendo um fator preponderante para o aumento dos problemas de saúde mental.

Para enfrentar essa crise, é essencial que tanto os trabalhadores quanto as empresas se conscientizem sobre a importância de criar um ambiente de trabalho saudável. A categoria bancária no Rio Grande do Sul precisa urgentemente de mudanças que garantam o respeito às condições de trabalho, revisão das metas abusivas e a criação de um espaço de apoio e bem-estar para seus trabalhadores. Somente assim será possível mitigar a crise de saúde mental e proteger aqueles que sustentam a força de trabalho das instituições financeiras.

A Fetrafi-RS disponibiliza um Canal de Denúncias, através do qual é possível relatar situações de abuso por parte dos empregadores, principal causa do adoecimento mental.

 

Fonte: SindBancários Poa e Região

 

OUTRAS MATÉRIAS
#BANCODOBRASIL | 13/03/2025
Selma Siqueira é eleita representante dos funcionários no Conselho de Administração do BB
A Contraf-CUT e diversas entidades representativas do funcionalismo do BB apoiaram a candidatura de Selma.
#ITAÚ | 13/03/2025
Aposentados do Itaú reforçam luta contra aumentos abusivos no plano de saúde
"Os aposentados do Itaú não vão desistir”, garantiu Jair Alves.
#ITAÚ | 12/03/2025
Itaú responde questionamentos do GT de Saúde sobre clínicas médicas, ombudsman e medidas contra assédio
No encontro, foram debatidos irregularidades nos exames periódicos, desafios na apuração de denúncias e suporte para bancários afastados por saúde.